segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Formigas

O acontecimento ambiental da semana foi a chegada das formigas cortadeiras na horta. Elas já haviam dado o ar da graça dias antes, quando apareceram várias folhas novas verdes de amendoeira no chão do pátio, do outro lado da escola. Pensaram até que fossem os alunos...

Agindo à noite, cavando túneis por baixo da construção e abrindo estradas, os exércitos deixaram apenas o rastro...

As folhas de mandioca foram as preferidas e sumiram, assim como as da couve...

Não conhecíamos ainda de perto as pragas tropicais. Saiba mais sobre o controle alternativo de formigas nos comentários da matéria anterior ou clicando aqui...

As formigas cortadeiras num fim de tarde no campus da UFF, na orla da baía...

Mas nem tudo foi destruição nesta semana... Teve plantio de coentro, rúcula, alface, almeirão...

Teve planta se reproduzindo... Essa Kalanchoe (daigremontiana?) é "prima" da flor da abissínia - veja na matéria anterior - que também se reproduz pela ponta das folhas. O único exemplar da horta foi trazido pela aluna Larissa Fonseca (GR3G) no ano passado e tem dado filhotes como nunca...

Teve planta florindo... Jurubeba (Solanum paniculatum L.)...

A primavera se anunciando com antecedência... Erva-cidreira de arbusto (Lippia alba (Mill) N. E. Brown)...

Será que a diversidade de plantas tende a minimizar o impacto causado pelas formigas?...

No canteiro interno dois alunos (bem agitados!) construíram uma passarela com direito a portãozinho de barbante para permitir uma melhor aproximação das plantas...

Nele, o destaque vai para as transagens ou tanchagens (Plantago major L.), exemplo de "mato" que é um verdadeiro remédio natural. Usada desde tempos medievais na Europa, passando pelos índios da Guiana (segundo Lorenzi & Abreu Mattos 2002), é reconhecida no Brasil pelo Ministério da Saúde e incluída na lista de plantas medicinais do SUS.

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As 3 atividades preferidas

Uma notícia publicada no site do Ministério da Educação e divulgada no twitter da FME (Fundação Municipal de Educação), sobre escolas que vão receber recursos para atividades extraclasse, chama a atenção pelo seguinte: " A música e os esportes estão entre as atividades favoritas dos estudantes do Mais Educação em 2009. Em levantamento realizado pela Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) entre 10 tipos de propostas, a secretaria constatou que a maioria assinalou essas duas opções. A terceira mais procurada é a criação e manutenção de hortas escolares".

Na EMJB os esportes são promovidos nos Jogos de Inverno, no Campeonato de Futebol do Grêmio e na participão nos Jogos Escolares de Niterói.

A música é praticada na banda marcial da escola, que se apresenta todo ano no desfile cívico de 7 de setembro (na Av. Amaral Peixoto) e do Aniversário da cidade (22 de novembro).

A horta vocês já sabem... O caminho é esse!

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

2009.2 - primeira semana

Destaque para a limpeza do mato dos canteiros...

Prontos para receber novas sementes...

Tonha - que faz os chás de capim-limão da EMJB - e Neli, exibindo mais uma salada de rúcula...

O lixo orgânico ainda não é tratado adequadamente, mas uma parte já é aproveitada...

Flor-da-abissínia (Kalanchoe tubiflora ou Bryophyllum tubiflorum)...

No canteiro interno a vegetação cresce sobre a serrapilheira...

Disposição para plantar até na chuva!

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Volta às aulas

Agricultura natural na EMJB. Uma pesquisa feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisou 17 culturas e concluiu que em muitas delas há excesso de agrotóxicos. O campeão é o pimentão (Capsicum annum), pois quase 65% das amostras coletadas apresentaram quantidade acima do normal. Ao divulgar os dados, o Ministério da Saúde lembrou que no Brasil as intoxicações causadas por agrotóxicos só perdem para aquelas provocadas por medicamentos.

O feijão-guando (Cajanus cajan (L.) Millsp) é uma das plantas que já existiam no terreno antes de 2007 e tem muitas utilidades: é cultivado como adubo verde no período de repouso do solo (no intervalo entre duas safras), suas folhas e flores são utilizadas na medicina tradicional e as vagens consumidas na alimentação (Lorenzi & Abreu Mattos 2002). Os pés, próximos da porta da cozinha da escola, produzem mais de uma vez por ano, como agora!

Um boldo (Plectranthus barbatus) floriu... Embora tenha feito sol forte nos últimos dias das férias escolares prolongadas, o inverno foi generoso e mandou chuvas semanais que mantiveram viva a maioria das plantas cultivadas. Nem sempre é assim, daí a importância de cuidar do espaço durante esses intervalos, que podem ser fatais e provocar baixas nos canteiros. Um fato curioso é que algumas plantas desaparecem! O mato toma conta do lugar e o seu aspecto não fica lá muito atraente.

A rúcula (Eruca sativa), também chamada de mostarda persa, é uma hortaliça originária das regiões mediterrâneas e muito popular na Itália. Utilizada no Império Romano como afrodisíaco, é nutricionalmente rica em vitaminas A e C e sais minerais, principalmente cálcio e ferro, além de ômega 3 (fonte: os links do parágrafo!). Na foto acima, rúcula sem agrotóxicos do canteiro direto para a cozinha da EMJB!

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sábado, 15 de agosto de 2009

Onde tudo começou

A Escola Luiza Abranches fica em Laranjeiras e foi a segunda escola em que trabalhei, no início do milênio, antes de Niterói. No Submarino Amarelo - nome que achava mais legal, do segmento da educação infantil - surgiram muitas ideias. A referência aos Beatles já era, sem dúvida, inspiradora...

No final do ano passado fui visitá-la num dia especial e assisti algumas peças de teatro. A escola estimula as artes cênicas e os alunos são bem mais desembaraçados em apresentações orais, desinibidos. Na minha época, era muito mais tímido e não tive matérias assim...

A Estação Meteorológica começou lá e havia até pluviômetros. Um ficava ao ar livre e o outro embaixo de uma grande árvore. Havia também dois termômetros: o primeiro pareceu dar defeito e o segundo foi colocado para manter o trabalho ativo. Sem continuidade, hoje restam apenas os "fósseis"...

Na época plantamos várias mudas de árvores em locais próximos à escola. A maioria nos canteiros da pedreira da rua Pinheiro Machado, onde muitas não resistiram às obras constantes. Esta paineira (Ceiba speciosa, St. Hill.) foi plantada na rua Marquês de Pinedo e está lá crescendo firme e forte (na foto com Luniara).

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os rios em volta da EMJB*

Existem dois rios que nascem próximos da Escola Municipal João Brazil: o rio Bomba e o rio das Pedras. Observando o mapa acima, é possível percebê-los: o primeiro nasce próximo ao cruzamento das linhas pretas e corre para noroeste. O segundo nasce mais ao norte e corre na direção sudeste. Ambos fazem parte da bacia hidrográfica da Baía da Guanabara.

O rio Bomba drena o vale de Tenente Jardim e vai direto para a baía (a foto acima mostra a visão para o noroeste). Tem aproximadamente 3,5 km de extensão e em muitos trechos - quando não corre em galerias subterrâneas - faz a divisa dos municípios de Niterói e São Gonçalo, nos bairros de Tenente Jardim, Barreto e Neves.

O rio atravessa algumas casas que sobem as encostas do vale e no sopé do morro, quando cruza a rua Dr. March, já é um valão. Não é difícil perceber que falta saneamento básico no limite dos municípios das duas cidades. Como os rios da região metropolitana, o Bomba é degradado e contribui para a poluição da baía.

O rio das Pedras nasce na localidade conhecida como Sereia e drena uma bacia suspensa (na parte norte do mapa, começando pelo "coração" rosado no cruzamento das linhas pretas). Segue na direção contrária do outro e, depois de atravessar muitas casas, corre "encaixado" entre dois grandes morros florestados.

Antigamente, formava piscinas naturais onde, segundo relatos de antigos moradores, era possível pescar até camarão (pitu). Com a urbanização, as piscinas foram soterradas, cimentadas e o canal virou outro valão. O rio das Pedras é afluente do Colubandê, que é afluente do Alcântara, que encontra o Guaxindiba antes de chegar na Baía de Guanabara.

O rio atravessa a A.P.A. do Engenho Pequeno - drenando encostas florestadas de Mata Atlântica do último fragmento de São Gonçalo - e forma, em alguns trechos, pequenas cachoeiras. Atualmente não é possível tomar banho nelas.

O lixo espalhado nas margens sugere que o canal transporta muitos resíduos quando a sua vazão aumenta, nas chuvas mais pesadas.

Em outros pontos é possível perceber o acúmulo de sedimentos que contribuem para o assoreamento do rio. Eles são trazidos pela erosão das águas e depositados onde a corrente perde a sua força. Os entulhos no meio da mata demonstram um fluxo intenso de materiais.

A foto acima mostra a visão da floresta, para o sudeste, no vale do rio das Pedras.

Um terceiro rio (Vicência?) nasce um pouco mais afastado da EMJB, corre na direção sudoeste para o Fonseca e faz parte da bacia do canal da Alameda - observe no mapa.


*da série "a importância do trabalho ambiental em uma escola municipal".

sábado, 8 de agosto de 2009

Em volta da EMJB*

O trecho da carta topográfica Baía de Guanabara (1:50.000) mostra a localização exata da Escola Municipal João Brazil (ponto verde). A área rosa representa o espaço urbanizado, enquanto as áreas brancas (onde aparecem as curvas de nível) representam os morros. As manchas verdes claras são os fragmentos de vegetação. As fotos abaixo foram tiradas no caminho das torres que, no mapa, fica onde está escrito Morro do Castro.

Acima, a visão para sudoeste: em primeiro plano o bairro do Fonseca, ao fundo o pico da Tijuca - o mais alto da região metropolitana (1.021 metros) - e no meio o mar da baía separando os centros das cidades de Niterói e Rio de Janeiro. Observando com atenção (e ampliando a imagem) é possível perceber à direita a torre branca da igreja de São Lourenço da Várzea e ao centro o Teatro Popular de Niterói às margens da Guanabara.

Ao sul, do outro lado da estrada RJ 104 (a linha vermelha grossa no mapa) está o Morro do Céu, onde fica o lixão da cidade de Niterói, área extremamente degradada. Ao fundo, observando com atenção, é possível ver o esqueleto do prédio que fica embaixo do Parque da Cidade, no Morro da Viração (ampliando a imagem, dá para ver as torres do parque).

Para o leste/sudeste, a cidade avançando sobre a floresta.

Na direção nordeste, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Engenho Pequeno, último fragmento de Mata Atlântica do município de São Gonçalo. Uma área verde que resiste à enorme pressão urbana pelo relevo acidentado e cuja preservação é constantemente ameaçada.

Na visão para o norte/noroeste, o fundo da Baía de Guanabara e a muralha da Serra do Mar. Em segundo plano, atrás da folhagem, as casinhas (pontinhos brancos) subindo as encostas dos morros nos limites das cidades de Niterói e São Gonçalo.


* da série "a importância do trabalho ambiental em uma escola municipal"..

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Alfavaca cheiro-de-anis

Esta plantinha obscura foi descoberta por acaso no terreno da EMJB. Provavelmente foi levada por algum aluno, pois estava em um dos vasinhos improvisados no viveiro do ano passado, feito com plantas trazidas de casa. Este ano, o cantinho já estava com mato crescendo e alguns recipientes não furados acumulando água quando resolvi desativá-lo. Foi aí que achei esta espécie, bem pequena, cujo cheiro forte de anis nas folhas revelou uma planta interessante, mas que nunca tinha visto. Nos livros, a espécie de anis que aparece é a Pimpinella anisum L., de folhas diferentes, como cabelinhos. Alguns funcionários disseram que era alfavaca, mas o cheiro era de anis! Como não existia nenhum outro exemplar no terreno e a muda estava bem fraquinha, resolvi levá-la para casa para cuidá-la e pesquisá-la melhor.

E não é que existe uma alfavaca cheiro-de-anis (Ocimum selloi Benth.)! Segundo Lorenzi e Abreu Matos (2002) é uma espécie nativa do sul do Brasil, conhecida também como atroveran ou elixir paregórico (pode ser também a Ocimum micanthum Willd. que ocorre no centro-sul do país com características semelhantes). Planta condimentar e medicinal, suas folhas e inflorescências são consideradas digestivo-estomacais e hepático-biliares, sendo empregadas para eliminar gases intestinais, contra gastrites, vômitos, tosse, bronquite, gripe, febre e resfriado. O chá é muito saboroso, e como nunca vi sementes nem mudas para vender em quiosques e lojas de plantas, essa espécie se tornou rara para mim. Agora, passados alguns meses, a planta produziu sementes, o que vai permitir a sua multiplicação na horta da escola.

Fonte: Plantas medicinais do Brasil nativas e exóticas, de Harri Lorrenzi & F. J. Abreu Mattos. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP, 2002.

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sábado, 1 de agosto de 2009

Lenda de Vila Velha

"Itacueretaba significa "cidade velha de pedras". Este recanto foi escolhido pelos primitivos habitantes para ser Abaretama, "terra dos homens", onde esconderiam o precioso tesouro Itainhareru. Tendo proteção de Tupã, era cuidadosamente vigiado por valentes guerreiros, sob o comando do grande chefe Tarobá, escolhido pelo conselho de anciões guaranis. Todos sabiam há muito tempo, pela fala do pajé, que os tupis inimigos planejavam apossar-se de Abaretama e tudo o que nela houvesse.

A bela índia Nabopê recebera a missão de facilitar a invasão dos tupis, acampados pouco distante no vale do rio Tibagi. Para tanto, deveria ela deixar-se cair prisioneira de Tarobá, contando-lhe o infortúnio de ser banida do seio de seus irmãos por recusar-se casar com um guerreiro inimigo de seu falecido pai. Nabopê fora conduzida até os campos do Cambiju e dali sozinha dirigiu-se ao perigoso destino.

Sob a noite escura, quando os ventos zuniam entre os paredões de Abaretama, Nabopê, temerosa dos maus espíritos, fingiu que estava perdida e começou a gritar por socorro. Sua voz aguda ecoou ao longe, através da solidão fria e silenciosa. Não tardou que um vigilante guerreiro guarani, de guarda num alto penhasco, logo a capturasse, levando-a a seu chefe. A beleza de Nabopê impressionou, como se esperava, os olhos penetrantes de Tarobá.

Durante alguns dias, Nabopê permaneceu sob vigilância na gruta onde se alojava o chefe guarani. Mas com o passar dos dias conheceram-se melhor e daí nasceu um romance de amor.

Ambos foram forçados a esquecer da missão que suas tribos lhes confiaram. O amor, mais forte que o dever, fizera os dois amantes caírem em desgraça perante sua gente.

Irmanados, porém, pelo mesmo afeto, os dois amantes estavam preparados para não sobreviverem, e naquela hora, com a coragem dos deuses em quem acreditavam, beberam juntos uma taça de veneno, a fim de fugir da implacável vingança de ambas as tribos enfurecidas.

Conta a lenda que Tupã, o deus do trovão, em memóra da heróica luta daquele amor profundo, transformou os corpos dos dois amantes em dois penhascos, um maior (Tarobá), outro menor, (Nabopê), ao redor da rocha com forma de taça suicida, para lembrar o fim do trágico romance, entre os vultos de pedra que são os guerreiros mortos.

Abaretama hoje é chamada de Vila Velha, pouco distante das furnas, enormes crateras chamadas de Caldeirões do Inferno, onde desapareceu para sempre, entre estalidos ensurdecedores, o lendário tesouro, que foi diluído pelos raios ígneos de Tupã e levado por um rio subterrâneo, para dourar, pouco além, as águas mansas de uma lagoa, depois chamada de Lagoa Dourada.

Diz a lenda que as pessoas mais sensíveis à natureza e ao amor, quando ali passam, ouvem a última frase de Nabopê: Xê pocê o quê (dormirei contigo)."


Texto retirado de uma peça de artesanato do Parque Estadual de Vila Velha, Paraná (a foto da taça é "clássica" dos livros de Geografia!).

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